JOSÉ BARTOLOMEU CORREIA DE MELO , PATRONO DA CADEIRA DE Nº 111 DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGR´FICO DO RIO GRANDE DO NORTE
No ano de 1945, no dia 7 do mês março, na Rua
Padre Pinto, Cidade Alta, Natal, estado do Rio Grande do Norte. nascia o segundo dos três filhos do
comerciante pernambucano João José de Melo e da angicana dona Gracilde Correia
de Melo. Recebeu o nome de José Bartolomeu Correia de Melo. Tempos depois, já
na maturidade, viria a se tornar meu grande amigo. Uma amizade que surgiu e
cresceu lentamente como o jatobá, o jacarandá-da-baía e o jequitibá-rosa,
árvores da nossa flora, que crescem muito lentamente e, por isso mesmo,
tornam-se fortes e centenárias.
O MENINO BARTOLOMEU No começo da vida foi morar em Recife em
virtude de seu pai ter transferido os negócios (comerciante de peças para
automóveis) para aquela cidade, na expectativa de melhor comercialização de
seus produtos.
Em 1950, morava em Ceará-Mirim com seu irmão Paulo de Tarso
na casa da avó materna Claudiana Alves Correia e de uma tia solteirona de nome
Maria Alves Correia, que exercia a nobre profissão de trazer crianças ao
mundo, pois era parteira reconhecida e muito solicitada. Essa mudança
deu-se em função da enfermidade de sua mãe que contraíra tuberculose e
precisava de maiores cuidados. A escolha se deu porque além do cuidado que
seria dispensado pela mãe e irmã, evitaria o contato direto com os filhos,
protegendo-os de um possível contágio.
A tuberculose, doença bacteriana, infectocontagiosa, é
transmitida principalmente pela saliva, pelo ar ou pelo contato direto com
outros tipos de secreção corporal. A bactéria pode chegar aos ossos, rins,
cérebro, inclusive à coluna vertebral. Até a década de 1940 ainda não havia
medicamento efetivo para o seu combate. O tratamento básico consistia em passar
temporadas nos ambientes com ares mais puros e de clima mais frio. Os mais
afortunados mudavam-se para os sanatórios de Davos, na Suiça, com altitude de 1500
metros acima do nível do mar, considerada a Meca para o tratamento de doentes
pulmonares. No Brasil, os sanatórios de Campos do Jordão/SP também acolhiam os
pacientes com mais recursos.
Seu pai continuou tocando o comércio em Recife, enquanto
Bartolomeu e seu irmão Paulo de Tarso, em Ceará-Mirim passam a estudar as
primeiras letras com o professor José Tito Júnior. O velho professor ainda se
utilizava de métodos um tanto condenáveis, porém, na época, eficientes. A
antiga e temida palmatória e os castigos cruéis de ajoelhar em caroços de
milho. Vendo isso, Bartolomeu que sempre foi muito esperto e observador,
resolveu se comportar para não sofrê-los. Nessa escola, foi contemporâneo dos
filhos do professor Tito, do saudoso Pedro Simões Neto, grande intelectual e
amigo, com quem tive a honra e o privilégio de participar, junto com ele, da
fundação da ACLA – Academia Cearamirinense de Letras e Artes, atualmente uma
das entidades culturais mais atuantes do nosso Estado. Foi também amigo e
contemporâneo de Xuxa (Emerson), filho de Aderson Eloi, que foi prefeito da
cidade de 1963 a 1968, cuja maior obra nesse período foi a construção do
ginásio de esportes que foi inaugurado com seu nome.
FONTE - ORMUZ BARBALHO SIMONETTI
Bartolomeu Correia de Melo é um dos mais importantes
ficcionistas surgidos nas últimas décadas em nosso Estado. Ele faz parte de uma
notável estirpe de contistas, cujas obras constituem verdadeiros marcos na
Literatura Potiguar do século XX, a exemplo de Afonso Bezerra, Newton Navarro,
Tarcísio Gurgel e Francisco Sobreira. Sua obra compõe-se de quatro livros de
contos e três de literatura infantil. Poderia ter produzido mais se a
indesejada das gentes não o tivesse levado tão cedo, ainda em plena
florescência intelectual. Mas, se lhe falta quantidade, sobra-lhe qualidade.
Todos os seus escritos norteiam-se por uma grande
simplicidade temática e formal. Como já tive oportunidade de dizer, em meu
livro “Ficcionistas Potiguares”, é a linguagem e seu trunfo. Explorando, com
engenho e arte, o linguajar coloquial nordestino, ele se aparenta com outros de
regiões diversas, José Cândido de Carvalho e Nelson de Faria, por exemplo.
Traço característico, o humor permeia-lhe quase tudo de sua
lavra. Humor irônico, por vezes cáustico, que, no entanto, deixa transparecer
viva simpatia pelas figuras simples, muito humanas, do seu pequeno mundo
ficcional. Ridendo castigat mores...
Louvável a iniciativa do escritor Ormuz Simonetti,
pesquisador incansável, dedicado ao estudo de sua vida e de sua obra, do qual
resultou este livro.
MANOEL ONOFRE JR., SÓCIO EFETIVO DO IHGRN.